Filtros CRT: saiba como desbloquear a qualidade de arte escondida nos jogos antigos

Foto: Anurag Sharma/Pexels

O surgimento dos videogames transformou completamente a indústria do entretenimento: a possibilidade de interagir em tempo real com imagens geradas eletronicamente permitiu desde a competição simples de Pong até as histórias profundas de jogos como The Last of Us. No entanto, por mais de duas décadas, as limitações do poder de processamento encontrado nos consoles e arcades permitia apenas imagens bidimensionais criadas por “sprites”, elementos gráficos compostos pela junção de alguns pixels e que poderiam, quando muito, serem rotacionados ou movidos na tela.

Mas como a geração que mais joga videogames vai se lembrar, conforme dados da ExpressVPN, isso não significa que os jogos antigos não sejam bonitos – artistas e engenheiros de software usavam as limitações como inspiração para extrair ao máximo o potencial de cada plataforma, gerando o mundo da “pixel art” que, até hoje, é celebrada e produzida por milhares de artistas e desenvolvedores. Mas se você já conectou o Super Nintendo antigo em uma televisão moderna, ou usou um emulador de Sega Mega Drive no celular e reparou que os jogos estão horríveis – nada próximos das lembranças da infância – não se preocupe, a pixel art tradicional de videogames antigos exige alguns cuidados adicionais para ser vista da forma correta. Confira.

CRT – as “televisões de tubo”

Atualmente consideradas grandes, pesadas, com baixa resolução e incompatíveis com equipamentos modernos, as televisões de tubo CRT são frequentemente descartadas ou ignoradas como aparelhos secundários. No entanto, em várias partes do mundo, seus preços estão subindo cada vez mais e as televisões CRT que não são mais fabricadas estão se tornando um colecionável raro e desejado por gamers.

Foto: cottonbro studio/Pexels

O motivo está em seu funcionamento: uma televisão CRT, sigla em inglês para tubo de raios catódicos, funciona através do disparo de elétrons em direção a uma tela revestida por fósforo. Esses elétrons são disparados a partir de um canhão eletrônico, que percorre a tela em linhas horizontais contínuas e extremamente rápidas, iluminando o vidro revestido de fósforo que passa a brilhar e formar a imagem. Diferente das telas modernas, a imagem na televisão CRT não era composta de pixels individuais, mas sim de linhas horizontais e, normalmente, um filtro de cores – tudo isso era realizado através de sinais analógicos, ou seja, não havia um número específico que representasse a resolução da tela, apenas linhas mais ou menos rápidas.

O sinal analógico transmitido por cabos rudimentares como o padrão RF ou RCA, juntamente ao funcionamento da televisão através de linhas contínuas sem pixels, resultavam em uma série de “defeitos” e interferências no sinal que distorciam a imagem. Cores muito próximas e intercaladas podiam se misturar acidentalmente, enquanto pontos discretos eram borrados e luminosos, criando uma imagem menos nítida.

A genialidade dos desenvolvedores de jogos antigos foi, portanto, utilizar essas limitações a seu favor: a arte era cuidadosamente criada para que os padrões de interferência de cores e pixels borrados transformassem a imagem original em algo mais realista, com mais cores do que as normalmente permitidas pelo console, com efeitos de transparência simulados e até mesmo definição aprimorada. Nenhum desses efeitos pode ser encontrado em televisores modernos, por isso, ao reproduzir jogos antigos em máquinas atuais podemos ter uma visão errônea da arte original. Um exemplo famoso são as cachoeiras do clássico Sonic, um dos jogos mais famosos no Brasil, que em telas CRT são compostas por água com vários tons de azul e completamente transparente, mas em televisões modernas, se trata de uma mistura desagradável de pontos brancos e azuis neon.

Filtros CRT podem simular o efeito original

Encontrar uma televisão CRT usada por um preço barato e, especialmente, que ainda funcione normalmente é uma tarefa surpreendentemente difícil – e o problema para os entusiastas de jogos antigos não está necessariamente em pequenas diferenças entre a arte, mas sim, em jogos como Final Fantasy VII que mesclavam gráficos poligonais com fundos desenhados: em telas CRT ambos se combinam perfeitamente, em telas modernas, o resultado é quase difícil de ser jogado.

Foto: ALTEREDSNAPS/Pexels

No entanto, há uma alternativa: filtros CRT cuidadosamente calculados e projetados para tentar simular ao máximo o efeito das televisões antigas em telas atuais. Através de plataformas como o RetroArch, é possível habilitar shaders especializados em recriar uma tela CRT. Os resultados mais impressionantes são oriundos de telas OLED de televisores e smartphones, no entanto, há uma grande variedade de shaders otimizados para televisões LCD.

Habilitar o recurso é fácil: para usuários de computador, basta instalar o RetroArch através da plataforma de jogos Steam e adicionar os consoles e jogos que deseja reproduzir. No menu de configurações de vídeo, navegue até a opção de Shaders, escolha os Shaders GLSL, e depois escolha a opção CRT. Diversas opções estão disponíveis simulando televisores profissionais da Sony, aparelhos simples e com imagem mais distorcida, efeitos como reflexos no plástico da tela ou brilho exagerado de fósforos antigos, entre diversas opções nostálgicas.

Os resultados são impressionantes e alguns jogos são completamente transformados pela adição do filtro – permitindo que jogadores veteranos relembrem a imagem exatamente como a que viram na infância, e que novas gerações conheçam a qualidade de arte excepcional que estava escondida por trás dos jogos antigos.

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